Home > Infinita(5)

Infinita(5)
Author: Jodi Meadows

   Sam acariciou meu ombro e minhas costas.

   — É verdade. Eles merecem saber. — Ele ficou imóvel ao perceber uma sombra cruzar o jardim da Stef. — Fique aqui. — Agarrou a pistola de laser e se afastou sorrateiramente. Um segundo depois, uma luz azul espocou e a sombra despencou no chão. Morta ou não, a pessoa não se moveu enquanto Sam atravessava correndo o jardim e pegava alguma outra coisa… uma segunda pistola.

   Mandei outra mensagem para Stef, atualizando as informações. Ela me respondeu imediatamente.

   Vão para a biblioteca. Tenho um plano.

   Após uma rápida confirmação, desliguei a luz do DCS. Sam voltou para junto de mim.

   — Ele está morto? — perguntei. Talvez fosse melhor não saber.

   Sam simplesmente me entregou a segunda pistola.

   — Vamos. — Eu não tinha nenhum bolso nem pochete para carregar a arma e o DCS, portanto levei-os nas mãos.

   — Tudo bem. — Sam ergueu os olhos, não para a casa da Stef, mas para uma luz ofuscante na direção do centro da cidade: o templo brilhava como uma tocha. — Não podemos ir pelo caminho de sempre. Se Deborl tiver organizado uma patrulha, eles estarão à nossa procura. A essa altura, Mat provavelmente já deveria ter entrado em contato.

   — Concordo. Então o que fazemos, seguimos no escuro em meio às árvores?

   Ele franziu o cenho, empunhando a pistola à frente.

   — Não temos muita escolha. Pronta?

   Levantei e dei o braço a ele.

   — Aonde você for eu vou, Dossam.

 

 

3

   MUNDOS

   ALCANÇAMOS A PRAÇA do mercado uma hora depois. Sam preferira não pegar o caminho mais direto da nossa casa até o centro de Heart, imaginando que essa seria uma boa forma de sermos pegos, portanto seguimos sorrateiramente pelas ruas geladas, refazendo nossos passos pelo menos duas vezes antes de finalmente alcançarmos a ampla área com calçamento de pedra do centro da cidade. O chão estava coberto de detritos decorrentes do terremoto e das erupções. Algumas das pedras tinham se soltado e partido.

   As quatro avenidas principais não deviam estar em condição muito melhor, mas Sam não quisera usá-las — nem mesmo passar perto delas, até que não tivéssemos opção. Rezávamos para que as estradas não estivessem totalmente destruídas; precisávamos deixar Heart o quanto antes.

   Eu ainda não conseguia acreditar que tinha sido expulsa. Para todos os efeitos, isso era o mesmo que uma sentença de morte. O mundo fora dos limites de Range era inacreditavelmente perigoso, repleto de toda espécie de criaturas.

   Embora agora Heart talvez fosse tão perigosa quanto.

   O templo derramava uma luz brilhante sobre a praça do mercado. Quantas almas teriam sido necessárias para fazê-lo brilhar tanto? No mínimo umas cem milhões.

   Ao seu lado, colada em alguns pontos, erguia-se a Casa do Conselho, imensa e majestosa. Janan a construíra antes que qualquer um dos cidadãos chegasse a Heart, assim como o restante das casas, porém as colunas e adereços, no momento envoltos em sombras, tinham sido acrescentados posteriormente. Eu mal conseguia distinguir as estátuas em torno da praça do mercado, todas danificadas pelas batalhas e pelo tempo. A praça agora estava completamente vazia, embora fervilhasse de gente durante o dia: grupos de amigos, vendedores de ocasião e pessoas simplesmente desejosas de escutar outras vozes. Uma vez por mês, tendas coloridas eram armadas por toda a área; era um dos meus momentos prediletos, ainda que o ódio de muitos pelas almasnovas tornasse quase inviável para mim comprar qualquer coisa sozinha.

   — Estamos muito expostos aqui — murmurou Sam, tremendo sob o vento invernal. — Certifique-se de que sua pistola esteja ligada.

   Verifiquei a trava e assenti com um meneio de cabeça.

   — Me dê seu DCS. — Segurei ambos os DCSs na mão esquerda, a fim de que ficássemos livres para atirar sem interferências. Ainda assim, esperava não ter que usar a minha.

   — O homem diante da casa da Stef. Você o matou?

   Os olhos do Sam estavam encobertos pelas sombras.

   — Isso a faria mudar de opinião a meu respeito?

   A reencarnação fazia com que matar alguém fosse algo meio sem sentido. A pessoa simplesmente renasceria, e buscaria vingança. Ninguém gostava de morrer, pois além de a morte ser dolorida, ela o obrigava a parar o que quer que estivesse fazendo — escrevendo romances, elaborando projetos ou explorando —, enquanto você esperava para renascer e se tornar adulto. De qualquer modo, a pessoa sempre voltava, pelo menos até recentemente.

   Segundo nosso amigo Cris, quando Janan ascendesse, ele não se daria ao trabalho de reencarnar mais ninguém. Isso significava que em três meses a morte passaria a ser definitiva. Ninguém que morresse agora reencarnaria novamente; não havia tempo para tanto. Se Mat estivesse morto no banheiro, estaria morto de fato.

   Se isso me faria mudar de opinião a respeito do Sam?

   — Não — murmurei. Eu tremia de frio da cabeça aos pés. — Sei que você só estava tentando me proteger.

   — Eu faria qualquer coisa para proteger você. — Ele me deu um beijo no rosto. — Vamos.

   Juntos, atravessamos a praça do mercado, perscrutando o entorno em busca de movimentos. O templo emitia um brilho feroz e o espaço, além de ser amplo, estava deserto. Cruzá-lo era praticamente como pedir que alguém atirasse na gente.

   Ainda assim, atravessamos a praça coberta de detritos sem maiores problemas. Nenhum ataque nem terremoto. Afora o eco dos nossos passos e o assobio do vento cortando as ruas, reinava o silêncio.

   Ao alcançarmos a entrada da biblioteca, Sam meteu a pistola debaixo do braço e abriu a porta. Com um último olhar por cima do ombro — a praça continuava deserta — passei por baixo do braço dele e entrei. Ele me seguiu, deixando que a porta batesse às nossas costas e nos envolvesse na mais completa escuridão.

   — Cuidado. — A voz dele soou alta em meio à quietude que nos cercava. — O terremoto pode ter mudado algumas coisas de lugar. Talvez haja livros pelo chão.

   Liguei um dos DCSs. A luz branca emitida por ele não iluminava muita coisa, mas bastou para que eu encontrasse um abajur com cúpula de vitral e o acendesse.

   O terremoto realmente tivera fortes efeitos sobre a biblioteca. Havia livros espalhados pelo chão. Estantes e cadeiras viradas. Uma lâmpada se espatifara ao bater no piso de madeira, deixando um rastro de cacos de vidro. Papéis cobriam toda e qualquer superfície como uma mortalha. Eu não conseguia ver os andares superiores com clareza, mas sem dúvida os outros onze andares deviam ter sido igualmente afetados.

Hot Books
» House of Earth and Blood (Crescent City #1)
» A Kingdom of Flesh and Fire
» From Blood and Ash (Blood And Ash #1)
» A Million Kisses in Your Lifetime
» Deviant King (Royal Elite #1)
» Den of Vipers
» House of Sky and Breath (Crescent City #2)
» The Queen of Nothing (The Folk of the Air #
» Sweet Temptation
» The Sweetest Oblivion (Made #1)
» Chasing Cassandra (The Ravenels #6)
» Wreck & Ruin
» Steel Princess (Royal Elite #2)
» Twisted Hate (Twisted #3)
» The Play (Briar U Book 3)