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Infinita(4)
Author: Jodi Meadows

   — Mat, não. — Sam tentou se colocar na minha frente de novo, mas afastei-o com uma cotovelada no flanco. — Por que você está fazendo isso?

   O estranho — Mat — fixou sua atenção em Sam, nem um pouco preocupado com a possibilidade de que tentássemos fugir. Afinal de contas, estávamos encurralados no banheiro.

   — Ela é uma aberração. Todos eles são. A praga de almasnovas precisa ser detida.

   Estávamos encurralados no banheiro.

   Dei um passo para trás e deixei que Sam bloqueasse a entrada.

   — As almasnovas representam a ordem natural das coisas — começou ele. — Os outros animais nascem, vivem e morrem definitivamente. Nunca parou para pensar que o que acontece conosco é que é uma aberração?

   — As almasnovas são um insulto a Janan. Ele nos criou. Ele nos deu a imortalidade. E, em pouco tempo, Janan irá retornar para recompensar os fiéis. Ele irá ascender. E os fiéis ascenderão junto com ele.

   Meuric não achava isso. Estava convencido de que precisava da chave do templo para sobreviver à Noite das Almas.

   Abstraí dos argumentos do Mat e me concentrei nos itens do banheiro do Sam. Xampu, sabonete, analgésicos. Desejei estar com meu DCS — assim poderia ligar para alguém pedindo ajuda —, mas tanto o meu quanto o do Sam estavam lá embaixo.

   — Ana nunca lhe fez nenhum mal — disse Sam. — Nem as outras almasnovas.

   Gaze. Analgésicos. Pomada para cortes e queimaduras. Se a camisola tivesse bolsos, eu teria pego a pomada, pois o plano que estava começando a se formar em minha mente envolvia ir lá para fora.

   — Elas nasceram — retrucou Mat. — E substituíram as almas antigas. As almas de verdade. Elas tomam o que não é delas. A vida. Chaves.

   De repente, lembrei quem era Mat. O homem que me atacara ao sair do templo. Fora ele quem roubara a chave e a entregara a Deborl.

   — Isso precisa parar. Sinto muito, Dossam. Não tenho problema nenhum com você, mas a Ana tem que morrer.

   Sapólio. Peguei o tubo de sapólio e desatarraxei a tampa no exato momento em que Mat empurrou Sam para o lado e apontou a arma. A luz de mira azul incidiu…

   Com um berro, joguei o sapólio na cara do Mat. Enquanto ele gritava, os olhos lacrimejando, Sam o empurrou contra o balcão da pia. As partículas brancas se espalharam pelo ar, refletindo o brilho azulado da luz de mira da pistola. Uma espécie de chiado ecoou pelo banheiro e um buraco surgiu no teto. Mat estava ocupado demais tentando limpar os olhos para prestar atenção.

   Sam o agarrou pelo colarinho e bateu sua cabeça com força contra o balcão de pedra. Um som de osso rachando foi seguido pelo cheiro acobreado de sangue, mas não perdi tempo verificando se ele estava vivo ou não. Agarrei a pistola e saí correndo do banheiro com Sam.

   Descemos em disparada a escada, parando apenas para pegar nossos DCSs e sapatos antes de sairmos descalços para o jardim com nossos pertences em mãos.

   — Não faça barulho — falou Sam, numa voz baixa e alerta. — Pode haver outros.

   Tremendo de medo e choque, deixei que ele me guiasse. Sam podia andar por Heart de olhos vendados, mas eu precisava de uma lanterna, o que não tínhamos e, mesmo que tivéssemos, não poderíamos usar.

   Diminuímos o ritmo à medida que fomos ficando enregelados de frio e com os pés doloridos devido aos detritos pontiagudos espalhados pelo chão.

   — Por aqui. — Sam nos conduziu em direção a uma faixa escura destacada contra as sombras. Árvores. Espinhos de abetos espetavam meus pés e calafrios sacudiam meu corpo. A adrenalina e o frio não me deixavam respirar direito. — Calce os sapatos — murmurou. Ao soltar a mão dele percebi que a estivera apertando com força de tanto medo. E logo a mão esquerda, a mão machucada. Sam, porém, não soltara um pio.

   Agachando-me, calcei os sapatos o mais rápido que consegui, os sentidos em alerta, tentando captar o som de passos de outros possíveis invasores. No entanto, tudo o que consegui escutar foi minha própria pulsação reverberando em meus ouvidos. Será que Mat estava morto? Haveria outros? Deborl tinha outros amigos além de Mat, então, onde estavam eles?

   — Quer que eu o ajude a calçar os seus? — perguntei.

   — Já calcei. — A voz dele soou rouca, mas não soube dizer se era por causa do frio, da dor ou de algo mais. — Pegue suas coisas.

   Peguei meu DCS e a pistola que havia roubado e o segui através da escuridão, mantendo uma das mãos apoiada em seu ombro. Quanto tempo tínhamos até que alguém descobrisse Mat no banheiro do Sam?

   Será que ele estava morto? Será que Sam o matara?

   Com os pensamentos em torvelinho, fomos nos embrenhando em meio às árvores. Nossos pés produziam mais barulho calçados do que descalços, mas o risco de pisar em algo cortante era grande demais. Meu corpo doía de frio.

   Uma luz incidiu através das árvores, um brilho fraco e fragmentado. Estávamos diante da casa da Stef.

   — Espere — sibilei, apertando o ombro do Sam. Ele virou a cabeça e seu perfil se destacou na contraluz. — E se eles tiverem mandado alguém vigiá-la?

   — Ah. — Ele recuou alguns passos e se ajoelhou. Em seguida, tentou digitar algo no DCS. — Não consigo… vou levar tempo demais para escrever uma mensagem com a mão assim.

   — Deixe que eu faço. — Agachei-me, tremendo de frio sob a camisola fina, e mandei uma mensagem rápida para Stef.


Mat nos atacou. Deborl e Merton escaparam da prisão. Estamos do lado de fora da sua casa, mas temos medo de que alguém a esteja vigiando. Ligue para Lidea e Geral. Alerte-as. Encontre-nos na biblioteca com os amigos de confiança. Por favor, traga roupas para mim e para o Sam.

   Sam leu a mensagem por cima do meu ombro.

   — A biblioteca?

   — Mesmo que eles nos procurem lá, poderemos nos esconder. Além disso, tem algo que preciso contar a todos os nossos amigos.

   — Você vai me dizer agora o que é ou preciso esperar também?

   Ergui os olhos ao ver uma luz piscar no segundo andar da casa da Stef.

   — Se Janan tiver sido o responsável pelo terremoto e as erupções, isso só vai piorar. Eles merecem saber, a fim de que tenham uma chance de fugir enquanto ainda há tempo.

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