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Infinita(3)
Author: Jodi Meadows

   — Eu te falei. — Sam manteve a mão parada enquanto eu fazia um novo curativo. — Além do mais, é a minha mão esquerda, o que é um alívio, porque eu sou destro. — O chuveiro fazia com que a voz dele soasse mais grave e profunda. — Vai dar para me virar até a esquerda se recuperar. E não preciso de nenhuma das duas para beijá-la.

   Com um leve arquejo, soltei o rolo de esparadrapo.

   — Vamos ter que testar essa afirmação. Se bem me lembro, você costuma usar as duas mãos quando me beija.

   — Hum. — Ele se afastou da pia. — Talvez a gente deva fazer uma experiência. — Venceu o pequeno espaço que nos separava e tirou uma mecha de cabelos do meu rosto. — Oh — murmurou. — Você tem razão. Essa foi a primeira tentativa.

   Fiquei na ponta dos pés e passei os braços em volta dos ombros dele. Seus lábios estavam quentes e macios devido aos vapores.

   — Agora a segunda — completou, fechando o braço em volta da minha cintura e me puxando mais para perto. Os lábios roçaram meu rosto e pescoço. — A terceira. — Com a mão boa, afastou a camisola do meu ombro e beijou a pele nua; em seguida, desceu as pontas dos dedos pelo meu braço. Seu toque produziu faíscas que deixaram minhas entranhas pegando fogo. Arquejei. — Você tem razão. — Os lábios agora roçavam minha clavícula. — Não consigo deixar de usar as mãos quando a beijo.

   Totalmente derretida, eu teria caído se ele não estivesse me segurando. Os vapores, os toques, os beijos: a soma de tudo isso me deixou com a cabeça leve, ligeiramente tonta, apesar do que havia acontecido menos de uma hora antes. Segura nos braços dele, escutando apenas o som da água escorrendo, era fácil esquecer o mundo lá fora e o resto dos nossos problemas.

   — Lembra o que a gente conversou ontem à noite? — Beijei a orelha dele e, em seguida, seu rosto.

   Sam soltou um suave gemido de confirmação.

   — Você disse que me amava.

   — Eu disse mesmo, não disse? — Uma onda de prazer invadiu meu corpo. Após anos acreditando que eu não merecia ser amada, Sam me provara o contrário. Só que isso não era o mesmo que aceitar que eu também era capaz de amar. Não fora fácil superar essa dúvida, mas na noite anterior eu tinha conseguido dizer, e percebido que o amava desde o princípio. — Adivinha só!

   Ele se afastou e olhou dentro dos meus olhos.

   — Continuo amando você hoje.

   Seu sorriso tornou-se maior e mais caloroso.

   — Escutei um boato — continuei —, de que você faz aniversário no primeiro dia do ano.

   — Escutou, é? — Ele pareceu subitamente tímido.

   — Quando a gente se conheceu, você me disse que fazíamos aniversário no mesmo dia.

   — Eu disse? — Um ligeiro pânico cruzou seu rosto, e as faces enrubesceram. — É verdade, eu disse. Ah.

   Tentei manter uma expressão séria, embora a vontade de rir fosse tanta que tive de morder a língua para me controlar.

   — E então? — Ergui uma sobrancelha.

   Ele estava vermelho de vergonha.

   — Você acreditaria se eu dissesse que esqueci o dia do meu aniversário?

   Bufei e caí na gargalhada. Isso era exatamente o que eu achava que ele diria, porque, em retrospecto, lembrava muito bem do momento de hesitação e confusão antes do Sam declarar que fazíamos aniversário no mesmo dia. Ele tinha esquecido.

   — Não tem problema. Eu amo você qualquer que seja o dia do seu aniversário, o verdadeiro e o falso. E todos os outros dias também.

   Ele deu uma risadinha e relaxou.

   — Não há mais nada que possamos fazer essa noite. Você… — Sam pareceu lutar para encontrar as palavras certas. — Você gostaria de dormir aqui comigo? No meu quarto, quero dizer. Não no banheiro.

   A bagunça continuaria lá embaixo pela manhã, e o quarto dele me parecera razoavelmente incólume ao passarmos. Poderíamos cuidar do resto depois. Ou não. Na véspera, o Conselho me expulsara de Heart, e Sam dissera que ia comigo. Em pouco tempo partiríamos em direção ao leste. Não precisávamos arrumar a casa.

   Podíamos deixar a vida real um pouco de lado até o sol nascer.

   — Se roubar todos os cobertores vai se arrepender. — Estiquei o braço e desliguei o chuveiro. Após a decisão do Conselho, a visita dos amigos enfurecidos com a notícia, o terremoto e as erupções, enroscar-me com Sam era a coisa mais atraente em que eu conseguia pensar.

   O chuveiro pingou por mais alguns segundos e, então, a casa recaiu em silêncio. Talvez a chuva de detritos tivesse parado. O mundo inteiro parecia calmo e silencioso, à espera.

   Estiquei a mão para trás em busca da maçaneta e abri a porta. Em instantes, a vida seria perfeita, ainda que só por algumas horas.

   O sorriso do Sam desapareceu. Uma pergunta se desenhou em sua boca, mas ele agarrou meu pulso e me puxou, virando-me de modo que eu ficasse atrás dele.

   — O que você está fazendo aqui? — rosnou. Esticou o braço para trás e apoiou a mão boa em meu quadril, como que pedindo para que eu ficasse onde estava.

   Meu coração bateu acelerado diante da repentina mudança de comportamento. Dei uma espiada por cima do ombro dele.

   Havia um estranho no quarto do Sam, e ele empunhava uma faca comprida. Usava um casaco imundo que descia até os tornozelos, mas mesmo com a pouca luz e o tecido pesado, dava para ver que trazia outra arma presa à cintura.

   — Dossam. Sem-alma. — A voz soou familiar, mas não consegui identificá-la com precisão. — A gente tinha esperança de que vocês tivessem morrido esmagados.

   A gente?

   Torci a camisa do pijama do Sam, desejando ardentemente estar usando algo mais sério do que uma camisola ao sair de trás dele. Eu não precisava de um escudo.

   — Você é um dos amigos do Deborl.

   — E estava preso — acrescentou Sam. — Assim como Deborl e Merton.

   O estranho abriu um sorriso cheio de dentes.

   — Janan usou o terremoto para nos libertar. — Abriu o casaco, revelando uma pistola de laser presa à cintura. — Recebemos um chamado.

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